Jovem,
bela, carismática, Irene trabalhava no Aquário da cidade. Era a sereia graciosa
que nadava imperturbável entre peixes e quelônios, entre conchas e corais, a
despertar nos visitantes sentimentos distintos em relação a si: as crianças,
porque inocentes, acreditavam-na encantada; os pais, porque lascivos, a
desejavam ardentemente; as mães, porque invejosas, a odiavam.
Uma
manhã, ao abrirem o aquário, encontraram Irene boiando no tanque, o rosto
perfeito de uma palidez suavemente azulada, os olhos opacos, os cabelos
esverdeados como as algas.
Sua
frágil natureza não resistira ao veneno destilado pela perfídia dos
olhares de despeito.