03 outubro, 2011

Recuerdos da Ibiapaba




Com a cabeça na minha Terrinha, rascunhei dois poemas que foram publicados na página da Academia de Letras de Crateús. Em um deles reafirmo a minha crença de que a prancha de surfe não foi inventada pelos Havaianos. Haja vista que em tempos ancestrais, no Poty que banha Crateús e Ibiapaba, homens pré-históricos de cabeça chata equilibravam-se hábeis em longas pranchas de Mulungu.


Inscrições rupestres nos paredões da Serra da Ibiapaba, cuja localização não sei precisar pois soube-o pela tradição oral, o atestam.

656. travessia

Todo dia pela manhã tomava a balsa para o continente, onde lecionava; e ao entardecer, de volta, para a ilha onde tinha residência. Invariavelmente, durante a curta travessia, costumava sair do carro e fumar um cigarro, relaxar ver o movimento paquidérmico dos navios a manobrar no cais. No dia em que decidiu que iria parar de fumar, também não saiu do carro nem se preocupou em ver a coreografia lenta dos navios sob a batuta dos práticos. Na névoa baça da manhã, sob os holofotes da cabine da balsa, percebeu, com estranheza, um sorriso de satisfação no rosto do piloto que conhecia apenas de vista mas que sabia se chamar Caron, ou Caronte.