Acordou espichado em uma
cadeira giratória dessas de escritório, o corpo dolorido, a boca seca, braços e
pernas dormentes – a corda apertada? Do alto descia uma luz forte que lhe
perfurava os olhos. Era 1971. E não era sua primeira vez.
“Os nomes! Quero os
nomes, filho-da-puta!”, ouviu pela direita, com a audição boa, a que não
perdera na ultima sessão .
“Coronel Diamante”,
associou. Pela voz rouca, autoritária, imperativa. A chapa ia esquentar.
No alto, ele percebeu,
uma mosca reluzente pousou na borda do prato branco onde o olho amarelo lâmpada
se encaixava. Por algum motivo que lhe fugia a compreensão, o inseto
auto-imolava-se, entregava-se em sacrifício.
No seu caso, não havia
nada a fazer senão torcer para que aquela cena de aula de ciência passasse
despercebida. Que não sugerisse nada ao seu algoz.
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