18 fevereiro, 2009

370. quase silêncio

ajo sempre na calada: ao silenciá-lo - infame trocadilho - usei do silenciador para abafar seus possíveis ais. quem cala consente. creio que calei-o mesmo sem o seu consentimento. deu com a língua nos dentes recheados de amálgama e assinou sua sentença, o iscariotes. às três da madruga o tempo lá fora contradiz como sempre as previsões meteorológicas que teimo em ouvir. entro sem bater, sem pedir licença, para sua surpresa e pavor. estampado no rosto ao me reconhecer uma quase-súplica por piedade - a clínica de lipoaspiração vazia àquela hora erma. a mão traiçoeira larga o mouse e sob a mesa alcança o cabo madrepérola de uma pistola. "ploft!". sou bem mais rápido e preciso. na tela do computador uma singela proteção de tela com peixinhos doirados e corais. na parede agora maculada o pôster da enfermeira com o indicador nos lábios sensuais pede silêncio. esse tipo de coisa me excita. saio furtivo.
*. publicado no site: www.usinadaspalavras.com

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