25 março, 2010

557. purgante

Sua avó se aproxima com a colher de chá apontando na sua direção e ele recua aterrorizado como se visse naquela mão engelhada e trêmula um punhal.

- olha o aviãozinho! – ela sorri diabolicamente. E enfia-lhe o purgante garganta abaixo.

Ele tenta bravamente resistir e acaba se engasgando e acordando em estado de pânico, com acessos incontroláveis de tosse.
Recomposto, com alívio lembra-se de que a avó estava morta e enterrada. E que aquele pesadelo provavelmente deve-se aqule trauma de infância.

24 março, 2010

556. hai kai n.48

Bom dia cavalo
Saúdo o nobre eqüino, eu
Que muito falo.

555. hai kai n.47

Me assalta
Um pensamento verde
Gafanhoto que salta

554. Dignidade

É humilhante para um policial como eu ver espalhados por aí esse monte de cartazes de Procurado como se eu fosse um delinquente, um fora da lei. Não fiz nada para merecer isso. Apenas não conseguia mais viver naquela casa, com aquela gente insuportável. Ia acabar agredindo um deles. Porra, eu mereço mais respeito, consideração. Sou um cachorro, mas tenho cá minha dignidade.

553. Lluvia

Lloven cuchillos em Berna – suizos genuinos

552. Concupiscencia de la carne

No deseaba la mujer del prójimo. Ni la suya.
* tradução: não desejava a mulher do próximo. Nem a sua.

551. o mestre

Lá fora sentia o verbo preso, contido. Cá dentro, recluso, encarcerado, é mestre de aforismos.