30 outubro, 2013

Travessuras de Travesseiros - poema

Dois travesseiros travessos
Arrancaram suas fronhas
Se engalfinharam na cama
Sem culpa, desculpa, ou vergonha.
Nem o abajur percebeu
Tudo que ali ocorreu
Se o viu o criado mudo
Calado permaneceu
E quando no nono mês
Um almofadinha nasceu
Travesseira ao travesseiro
Disse:
Toma lá que o filho é teu!

Pequenas Empresas

Precisava criar vergonha – lhe repreenderam. Levou a sério: fez  curso no SEBRAE, aperfeiçoou-se, expandiu o negócio... Hoje exporta vergonhas saradas para 120 países.

Mais Um (miniconto)

Jamais sentia-se mais um na multidão, nem dava tempo. Pois era justamente nas aglomerações que o virus multiplicava, se proliferava e se alastrava terrivelmente.

Trajetos (miniconto)

À má sorte no jogo do bicho, o porteiro paraibano sempre atribuía o fato de haver “pisado no rastro de um corno”. Nem percebia que, na sua inquebrável rotina, cumpria sempre os mesmos trajetos.

Dia Santo (miniconto)

No dia dos mortos, o famoso médium foi ao campo santo. Entre tantos vivos, encontrou apenas um morto: o antigo vigia, ainda arraigado às suas responsabilidades.
- Ei Ferreira, onde está todo mundo? – perguntou. Pelos desencarnados, naturalmente.
- Hoje é feriado, rapaz. Dia santo. Esqueceu? Saíram todos.