17 outubro, 2012

quasehaicai


O medo de qualquer modo
É noite escura de chuva
Sem o abrigo de um toldo

haicais de setembro


As teias da aranha
Contra o sol do meio dia
Cintilam fatais

Pescador se ilude
E se encanta com o canto
Da Sereia do açude

Mandei um bilhete
Você  não leu  ou  rasgou-o
Segue um ramalhete


Para não dar um fora
Lapidarei minhas palavras
Polirei metáforas

O luar na serra
Faz-me lembrar com saudade
Lá da minha terra

No fundo do poço
Por causa de um amor ingrato
O pobre moço
 

haicai

Os quatro elementos
Disputam no braço os favores
Da rosas dos ventos

Festival Pornô do Minuto (nanoconto)


Filmei minha  ejaculação precoce.

Festival do Minuto (nanoconto)

A vida do natimorto Muryel, com certeza daria um filme

 

Ladeira da Memória (miniconto)

Sentado junto ao velho chafariz, a vovó não lembra bem ao certo o que veio fazer ali.

 

haicai


Pego em flagrante
Assaltando a geladeira
Senhor elefante

haicai


rio assoreado
pela ganância que o devora
pelas bordas

haicai


Estações confusas
Como escrever um haicai
Nesta barafunda?

haicai


Entre os sons urbanos
Ainda o blém-blém dos sinos
Beco dos aflitos.

haicai

Cada entardecer
Apressa-me a grande noite
Último adormecer

peometo


"Circulando, bastardos! Circulando!"
A guarda pretoriana rugia
Onde e quando se juntam mais de dois
Só pode dar em orgia

Manias (nanoconto)


Maníaco por limpeza, fã inconfessável do Dr. Bactéria, Pilatos lavava as mãos até dez vezes ao dia.

 

Tremores (miniconto)


A  terrina de missoshiro à sua frente esfriava. Nos brotos de soja e nos cubos de tofu a velha Obasan* leu a sua sorte: tomasse cuidado quando começassem os tremores. Fatalmente o levariam`ao óbito.
 
Por precaução evitou embarcar para ao Japão dos seus ancestrais. Desempregado deu para beber mais do que o normal. Antes de morrer, se não entornasse uma branquinha, não firmava o pulso.