07 abril, 2014

O Filho (conto SciFi)

  “ Toma que o filho é teu! “, disse-me Khêrnya, irritada e furiosa. E atirou aquela coisa amorfa e gosmenta no meu colo.

 Caí na real. E minha primeira reação foi jurar por todos os santos e orixás protetores, que nunca mais colocaria na boca  uma gota que fosse da marvada -  reconheço que era a milésima vez, mas eu sempre assumo este tipo de compromisso, digo de jurar e fazer promessas que não cumpro,  quando cometo alguma besteira ou algum excesso sob o efeito do álcool.

 Khêrnya subiu nas tamancas e entrou no seu veículo prateado batendo com força a porta. Perguntei-lhe se ia demorar e ela me mandou para aquele lugar.... Helheimr*.

Quando ela já ia longe, sumindo por trás do Pico do Jaraguá, perguntei-me se ela cumpriria mesmo a ameaça de não mais voltar.

 

À distância Khêrnya invadiu minha frequência telepática apenas para me dizer despeitada:

 

“Pode apostar, terráqueo! Pode apostar!”

 

*. Inferno na mitologia nórdica: Helheimr (Lar de Hel deusa da morte).