05 dezembro, 2013

Não Há Amor Como O Primeiro - (Livro lançado em Macau c/ um conto meu)

MACAU
 
Meus antepassados lusos talvez tenham lá  estado
E  eu mesmo - em sonhos fugazes - não desminto
Eles com sua fé cega, o astrolábio, a vela, a espada
Eu, com a palavra,  a lingua, e o que sinto.
 
 

 

 


22 novembro, 2013

Ex-Escravo de Jó


O Escravo de Jó
Vejam só
Com a nova lei agora é negro forro
Não o põem no tronco nem o aperreiam mais
E ele dança e ri do ridículo
Do Capitão-do-mato sem cachorro.

 

Ê vida besta
Agora é só drumi, bebê, pitá.
Que o ex-Escravo de Jó
Já tá por aqui, ó
De jogar Caxangá.

Como Acaba? (miniconto)

Depois de mil e uma noites, o rei se encheu de todas aquelas estórias que lhe contava a esposa. Demonstrava cansaço e enfado e já não aguentava mais ouvir  narrativas de folhetim.
- Não quer saber como acaba, amado esposo? –ainda insistiu a rainha contadora.
 -  Como acaba? – seus olhos faiscaram. E desembainhou a velha cimitarra há tempos sem uso.

Conto Natalino (de Horror)

 
Edição número 4 da revista 1000 Universos! Uma revista eletrônica que tem prestigiado os autores nacionais de ficção, FC, fantasia e terror.
 
A minha participação é com o conto...
 
VELHO DE BARABAS BRANCAS, COM UM SACO
 
conto disponível para download grátis.
 
 
 
 

14 novembro, 2013

Eu nem aí (poema)

Do que falavam os outros
Pelos cotovelos
Curioso eu quis saber
E tentei Pegar o bonde andando
Bonde não havia – desde quando?
Ninguém soube me dizer.
Não me liguei
Nem me caiu a ficha
Pois ficha
Já ninguém usava
Eram outros tempos
- Não previ -
E pra variar
Eu nem aí
Estava.

3 haicais

1.

Sandálias gastas
Aparar as arestas do caminho
Já me basta

 
2.

A vida passou
Tão bela e não menos frágil
Bolha de sabão

 
3.

Ê vida besta
Ontem foi domingo – fui á missa
Hoje já é sexta

Forma (poema)


Quero
Preencher
Com a massa amalgamada
do gesso
Estes vãos, estes vácuos
Estas frestas, fendas
Estas reentrâncias e saliências
Que são
A tua ausência
Minha amada.
E depois
Com a tua forma
Me conformar.

Para Sempre (miniconto)

“Se alguém aqui presente souber de algo que possa impedir este casamento, que fale agora ou cale-se para sempre.”, desafiou o virtuoso padre Orestes.
 
E por não se manifestar ele próprio, conhecedor que era dos segredos mais íntimos de toda aquela gente, nada mais conseguiu pronunciar até o fim dos seus dias.

Como Acaba (miniconto)

Depois de mil e uma noites, o rei se encheu de todas aquelas estórias que lhe contava a esposa. Demonstrava cansaço e enfado e já não aguentava mais ouvir  narrativas de folhetim.
- Não quer saber como acaba, amado esposo? –ainda insistiu a rainha contadora.
-  Como acaba? – seus olhos faiscaram. E desembainhou a velha cimitarra há tempos sem uso.

30 outubro, 2013

Travessuras de Travesseiros - poema

Dois travesseiros travessos
Arrancaram suas fronhas
Se engalfinharam na cama
Sem culpa, desculpa, ou vergonha.
Nem o abajur percebeu
Tudo que ali ocorreu
Se o viu o criado mudo
Calado permaneceu
E quando no nono mês
Um almofadinha nasceu
Travesseira ao travesseiro
Disse:
Toma lá que o filho é teu!

Pequenas Empresas

Precisava criar vergonha – lhe repreenderam. Levou a sério: fez  curso no SEBRAE, aperfeiçoou-se, expandiu o negócio... Hoje exporta vergonhas saradas para 120 países.

Mais Um (miniconto)

Jamais sentia-se mais um na multidão, nem dava tempo. Pois era justamente nas aglomerações que o virus multiplicava, se proliferava e se alastrava terrivelmente.

Trajetos (miniconto)

À má sorte no jogo do bicho, o porteiro paraibano sempre atribuía o fato de haver “pisado no rastro de um corno”. Nem percebia que, na sua inquebrável rotina, cumpria sempre os mesmos trajetos.

Dia Santo (miniconto)

No dia dos mortos, o famoso médium foi ao campo santo. Entre tantos vivos, encontrou apenas um morto: o antigo vigia, ainda arraigado às suas responsabilidades.
- Ei Ferreira, onde está todo mundo? – perguntou. Pelos desencarnados, naturalmente.
- Hoje é feriado, rapaz. Dia santo. Esqueceu? Saíram todos.

17 outubro, 2013

DORALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS - Teatro

Escrevi recentemente, com a ajuda da minha filha Julia Ayumi, uma adaptação livre para teatro do clássico de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas.
 
 
 
Rebatizamos-a de "DORALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS"  e a estória transcorre mais ou menos assim:
 
 
Doralice é uma menina pobre do Sertão Nordestino, onde as coisas, para variar, não andam nada fáceis por causa de (mais) uma seca braba. Procópio, o narrador da estória e repentista, é o gato de estimação de Doralice. Homens e bichos, como Seu Gonzaga, Patativa, a Asa branca e o Assum-Preto já emigram retirantes. Ratos e calangos já não há com os quais o gato possa se alimentar. Um dia, ao perseguir um preá de relógio e óculos raiban, Procópio entra em um oco de ingazeira que dá passagem para o Sertão das Maravilhas. Doralice o segue e acaba caindo neste novo mundo.
A partir daí surgem personagens como o Mestre Imbuá, uma lagarta enorme metida a filósofa, o Gato que Acha Graça, o Sapateiro Abestado e a Cotia Ruim da Bola, a Rainha de Cócoras que não pensa duas vezes para mandar cortar os cabelos de quem a contraria, o Pássaro Carão, e os gêmeos Parelho e Parecido.
 
 
Minha colega escritora, ilustradora e atriz, Carol Mancini, me contactou recentemente pedindo autorização para encená-la junto com os seus alunos.
 
Fiquei feliz da vida. Para mim é uma honra.
 
 

05 setembro, 2013

A Grande Viagem (miniconto)

Arrumadas as tralhas, pegamos a estrada. No caminho vovó morreu, a família diminuiu; mamãe  pariu, a família cresceu. “Quando chegaremos?” perguntei. E todos riram muito.

Novela Grega (miniconto)

Giorgios quebrava pratos mais do que o normal. Mais que resgate da tradição helênica, era um protesto contra sua esposa noveleira Athina, que se apossava da TV bem na hora futebol.

Vingança (nanoconto)

Ele reclamou da comida – fria e com um gosto estranho – e calou-se para sempre.

Caminhos do Fantástico - 2013

 
 
 
 caminhos-do-fantastico_2013_escafandro





Saiu a lista de contos selecionados para o volume 2 da coletânea Caminhos do Fantástico, organizada pela Terracota editora com apoio do Fantasticon.

A lista foi publicada no site da editora: http://terracotacultural.com.br

Autor
1Os Cães Também SorriemFrancisco Pascoal Pinto
2ApagãoLauro Roberto Elme
3O quartzo IncandescenteDaniel Erhard Cardoso
4Pelos do EstigmaRoque Aloisio Weschenfelder
5Destino EvitávelJoão Fernando Ferreira Marques
6Zumbificando o sambaLeonardo Gomes Nogueira
7Aconteceu na LapaRubem Ricardo Damasceno Cabral
8Virgilio e o Mercador de SonhosJúlio Pepe Barradas
9TeletransportebrasCaio Batista

07 agosto, 2013

haicais (kigo: borboleta)


O ruflar das asas
Da borboleta de seda
Acorda Chun tzu

Era tatuagem
A borboleta no seio
Da menina morta


No dorso do asno
A borboleta azul
É raro adereço

Esta borboleta
Voando a bambolear
Embeleza o dia
 
Larva e casulo
Evolui a borboleta
Aula de ciências

08 julho, 2013

Fôlego Curto (miniconto)

Decidira-se a escrever o seu primeiro romance. Mal digitou as duas primeiras linhas, deu-se a avaria no PC. Ficou mesmo no miniconto. Mais um.

Descobrimento (miniconto)

Avariada a nave , avistaram algo e renovaram-se as eperanças.

"Um asteróide! Chamemo-lo Pascal", determinou o Capitão. "Ou melhor", corrigiu, "Lua de Vera Cruz".

À medida que se aproximavam, porém, o calor se tornava insuportável, infernal.
 
"Brasas! Diabos! Um planeta brasil!", registrou-se na caixa preta que sobreviveu à explosão.

Avaria (miniconto)

Devido a uma avaria técnica na máquina do tempo, sem condições de retorno ao século XXI, Michel radicou-se junto à Catedral de Notre-Dame e virou célebrado profeta.

haicai junino


Estoura o rojão
Acalma o seu carneirinho
São João menininho

14 junho, 2013

São Paulo Minha Cidade (Crônicas)

Disponibilizo algumas crônicas de minha autoria publicadas do Site São Paulo Minha Cidade

Itadakimasu!!! (Sirvam-se!)




http://www.saopaulominhacidade.com.br/autor/5282/Chico%2BPascoal

Anos 70's


Anos Doidos, doídos, aqueles, rapaz.

Em que macabros mágicos fardados faziam desaparecer pessoas.

Tempos de Milagre em que

poeta épico, achava-se o cara que tomava pico

poeta lírico, o maluco que viajava clandestino na infusão de lírio.

poeta concreto, o pretenso engenheiro ou arquiteto

Quando se aventurava nas nuvens esparsas do  abstrato.

 

Eu?

Eu naquele tempo apenas me trancava no banheiro de casa - claustro do noviço

(Eu e minha coleção de catecismos que me dera um velho zéfiro sacana e burocrata)

E solitário tentava suicídios em doses homeopáticas (petit mort*).

Ainda não rabiscava versos, é verdade

Mas já me autointitulava poeta menor,  PORNOsiano.

 

*. orgasmos

Ode ao Hipocondríaco (poema)


O hipocondríaco
Também ele maníaco
Pela origem remota das palavras
Descobriu que “hippo”  em grego é cavalo
E lhe deu um estalo:
Então é por isso
Que me apraz tomar
Remédios em dose cavalar?

O Catador (poema)


O catador de papel
No ato de reciclar
Prolonga a vida útil
Do que se despreza por inútil
Sem nenhuma serventia
Sem nada a oferecer
Ou que se possa aproveitar.

Merece o nosso respeito
O catador de latinhas
Não fosse ele – quem teria
Por uma questão de decência
Leve a sua consciência?

Trabalho de formiguinha
Pelas ruas da cidade
Garimpando o desperdício
Do consumo irresponsável
Que alimenta os monturos
Extraindo ouro puro
Do lixo não degradável.

Branco (miniconto)

Nos últimos tempos afligia-o a pureza e a perfeição de um branco imaculável e permanente. Desesperava-se,  pois suspeitava que a fonte, o veio, a inspiração, o sopro suave das musas tivesse se esgotado. Diante dos seus olhos angustiados a folha de papel, também branca, o desafiava. Começou a odiar aquela cor que era suma condensação de todas as outras. Custava-lhe admitir que todo aquele pesadelo devia-se a outro branco, o das carreiras, que dera para aspirar com cada vez mais frequência. Admitia: era mais aspiração, que inspiração.

ExpoSamba 2013 - Viaduto da Mooca - Um Samba à Adoniram




Compus este samba como um tributo ao inesquecível Adoniram Barbosa que tanto cantou São paulo e seus personagens. É, para todos efeitos, uma sequência da sua composição  "Saudosa Maloca", mostrando o que aconteceu depois com "Eu, Mato Grosso e o Joca".

O samba passou no primeiro teste ( o vídeo acima), embora as cordas do meu velho violão e também os meus dedos, estavam pra lá de enferrujados.

Na hora defendê-lo em eliminatórias, não pude comparecer por causa de outros compromissos.

Mas o samba tá aí.

"E se o Senhor não tá lembrado", como diria Adoniram, , "Me adescurpe, parceiro: mas tá dado o recado!"

02 maio, 2013

Uma Mulher Feliz (miniconto)

O elevador quebrado, o carro no mecânico, os trens sucateados... Naquele dia de tantas avarias, só a balança da farmácia a fez uma mulher feliz.





Poema do Embriagado


A Francisco de Carvalho, poeta cuja obra descobri um pouco antes da sua partida.

 

 

Ergo sem desperdiçar gota

Aos digníssimos comensais

Este brinde

Sem jactância ou melindre.

Caña, Saquê, Porto, Arak

Absinto, cauim, conhaque:

Saúde! Cheers! Kampai!

Vestal do meu corpo-templo

Consagro a Baco meu cálice

Minha visão turva e tríplice

O meu bêbedo equilíbrio

Pronuncio-me eloquente

Com minha voz baixo embargo

Com a qual vos ludibrio.

Atrevido e assaz insolente

Desidrato-me no líquido

Que desinibe-me e queima-me a língua

Se eu morrer, que seja à mingua

Bendita sois, água ardente.

Concurso de Contos Rota das Letras de Macau -


A História de Amor que Ainda não Escrevi é o meu conto classificado no
Festival Literário Rota das Letras de Macau (China)

http://hojemacau.com.mo/?p=48555

http://www.omirante.pt/?idEdicao=53&id=57755&idSeccao=557&Action=noticia



Na primeira edição do Rota das Letras, foi criado um concurso de contos, para o público em geral, aberto nas três línguas. Célia Matias, natural de Tomar, Portugal, e residente em Macau, foi a seleccionada pelo escritor José Luís Peixoto como a detentora do melhor conto em versão portuguesa. Su Tong escolheu o romancista de Macau Lawrence Lei como o autor do melhor conto em chinês. E Xu Xi identificou Miodrag Kojadinovic como a melhor escritora em inglês. Mas também Susana Gonçalves, Chico Pascoal, Ieong Su Cheng e Kelvin U, que receberam menções honrosas, vão poder ver os seus contos publicados ao lado de autores conceituados – participantes da última edição – , em três livros, em chinès, portuguès e inglês

Quando O Saci...

 
Mr. Bierce e o Duende dos Pampas é o meu conto na antologia...
 
 
 
 

 

16 abril, 2013

Sodoma e Gomorra (conto curto)

Na volta do trampo, tão cansado estava que não percebeu o olhar de pena e de maldade dos vizinhos. No barraco vazio, a comida fria na mesa, mas nem sinal dela.  Lá  acima o funk rolava solto.

De madrugada, ela voltou trançando as pernas roliças e caiu na cama feito uma pedra.

Cheirava a álcool, erva,  sexo, perfume, suor...

Ele ainda acordado, fumava.  
 
Ela ressonava quando Ele  apanhou a mochila e o pandeiro que ainda lhe dava alegrias. Sem pressa espargiu álcool sobre pelas paredes, riscou outro fósforo e desceu a viela.
Lá embaixo, já no asfalto, parou e ficou assistindo  o espetáculo do fogo se alastrando, devorando tudo. Tamborilava o instrumento mas não demonstrava apreensão.
 “Nero?”, alguém tocou seu ombro.
 Voltou-se. Era o Biro, um chegado. Ex-traficante ali mesmo no morro, agora convertido em Pastor da Igreja do Povo Eleito. Decerto de volta do culto.
“Que tu faz na rua a esta hora, homem de Deus? Procurando a Jane?”
 Nero tirou uma baforada, olhou o clarão lá encima, fechou o pulso e tossiu seco. Era um sujeito calado, reservado. Costumava guardar para si seus problemas o que na maioria das vezes, lhe fazia muito mal. Mas naquela situação, excepcionalmente , sentia-se bem. Muito bem. Bem até demais. Continuou tamborilando o pandeiro.

Premiação do I Concurso de Contos do Bunkyo - 26/03/2013

Cerimônia de Premiação do I Concurso de Contos do Bunkyo - 26/03/2013 - No qual o meu conto Um Noivo Para a Filha do Senhor Murakoshi  conquistou o terceiro lugar.

http://www.bunkyo.bunkyonet.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1628%3Aconcurso-bunkyo-de-contos-um-encontro-de-homenagem-aos-premiados&catid=98%3A2013&Itemid=122&lang=br







22 março, 2013

Lendas Urbanas - Editorial Llyr

Meu conto "Loira", é um dos classificados para compor a antologia Lendas Urbanas da Editora Llyr.

08 fevereiro, 2013

Conselho

Se beber, não dirija. Digira.

Tarefas (miniconto)


- Descendo, todo santo ajuda – queixou-se Sísifo empurrando a pedra morro arriba – Não é o meu caso.

 -  É a tal da Lei da Gravidade. Coisa dos homens  -  opinou Baco, a quem Zeus havia concedido uma tarefa bem mais fácil: empurrar bêbado em ladeira.

07 fevereiro, 2013

I CONCURSO BUNKYO DE CONTOS - Resultado

Uma boa notícia hoje. O reconhecimento pelo meu trabalho.


Resultado final do I Concurso Bunkyo de Contos ( em que concorreram 184 contos)

1º lugar: o conto "Duas cenas, um muro?, de Célia Sakurai (São Paulo-SP);

2º lugar: o conto "Ipês brancos", de Camilla Ferreira (Brasília-DF);

3º lugar (empatado): o conto "Corrente fria, corrente quente", de Fernanda Caldas Fuchs (Curitiba-PR)

3º lugar (empatado): o conto

"Um noivo para a filha do senhor Murakoshi", de Francisco Pascoal Pinto (São Paulo-SP)


04 fevereiro, 2013

Stand-up Comedy (miniconto)

Era o chefe aparecer e todos ficavam atentos. O velho descobrira sua veia cômica. Velhas anedotas, contadas de pé, arrancavam risadas aos bajuladores.

Nanocontos do Facebook (50 caracteres)


1 . Olhos bovinos, guiava turistas pelo labirinto de Creta

 

 
2 . Cego de paixão, visitava-a no Museu. O coração dispensa guia.