05 maio, 2009

422. golden gate

Escalou o gradil da ponte escarlate e mirou ao longe o contorno das montanhas azul-escuro. Talvez esperasse um sinal. Algo que o fizesse desistir ou dar o passo determinante. Por um momento esqueceu que tinha fobia de altura e riu nervosamente com a intenção de aliviar a tensão que lhe enrijecia a nuca. Respirou fundo, relaxou, baixou um pouco a vista e divisou lá longe, no centro da baía, o antigo presídio agora transformado em atração turística. Poucos foramos que conseguiram fugir daquele inferno, pensou. E desceu do gradil tremendo, as pernas bambas, quase a morrer de vergonha. Olhou para os lados, ajustou o colarinho da jaqueta de couro, enfiou as mãos nos bolsos e retornou ao mirante onde participantes de uma excursão da terceira-idade tiravam fotografias, tentando capturar instantâneos de um tempo que lhes escapava.

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