22 junho, 2009

448. parcerias

Era um tempo em que as fichas caíam. Bêbados, bárbaros e vândalos descontavam suas frustrações e neuroses contra os orelhões amarelos que disputavam as esquinas com as “meninas” na batalha diária para ganhar honestamente a vida. Havia também a questão da saúde pública que alertava sobre o perigo que representavam os elevados índices de coliformes fecais nos aparelhos azuis decorrentes da sua freqüente utilização por usuários não muito fiéis aos hábitos de higiene.

Aquele tempo passou, as coisas mudaram, umas para melhor outras para pior. Agora são os tempos dos cartões com créditos. Os velhos orelhões, duros na queda, ainda servem de sparring aos insanos como antes; mas o índices de coliformes que os infectavam migraram quase que totalmente para os aparelhos de telefonia móvel. Quanto à questão da concorrência com as “meninas’, na impossibilidade de derrotarem um ao outro, houve entre os orelhões e as putas um processo de incorporação, de fusão, de parceria, tipo ganha-ganha. Hoje estes são uma espécie de mídia alternativa e oferecem seu corpo, sua concha de fibra de vidro aos banners autocolantes de classificados de prestação de serviços daquelas. E convivem pacificamente no mesmo espaço marginal das esquinas.

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