05 novembro, 2009

513. o homem invisivel

A segurança da Enterprise Co. Fertilizantes estava em primeiro lugar. Tecnologia de ponta com câmeras de alta definição, alarmes e detectores associada a agentes especialmente treinados parecia torná-la inexpugnável. Nada ali, pensava-se, podia passar despercebido; exceto Raimundo, o auxiliar de limpeza, que na sua simplicidade, também não percebia que não era percebido. Todos os dias, inclusive aos sábados, Raimundo trafegava por todos os ambientes daquela fortaleza sempre munido de um balde, detergente, panos, e esfregões, sem deixar vestígios dele ou de outrem – era o seu trabalho. Entrava no ginásio, no refeitório, nas salas onde ocorriam reuniões confidenciais onde eram traçados intrincados planos de ação, e ninguém se dava por sua presença – quem iria dar atenção a um personagem tão iníquo, tão sem importância? E havia ainda outros Raimundos. E eram todos, como ele, seres invisíveis, translúcidos. Um dia Raimundo foi cooptado ( ele não sabia o significado do verbo cooptar) para ser espião de uma empresa concorrente. Os benefícios (tíquete restaurante, passe de ônibus etc. compensavam) E foi quando finalmente o notaram.

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