16 junho, 2011

626. Pasárgada, a Outra

Vou me embora de Pasárgada


A República triunfou


As mulheres não me queremA minha cama quebrou.


Vou-me embora de PasárgadaEscaparei por um triz


Da turba que não me atura


Caio fora, sigo em frente


Que Joana, safada, me estranha


Diz que me ama mas mente.


Já empregou seus parentes


Chance que eu jamais tive.


Na fuga farei um cooper


Roubarei uma bicicleta


Não mais burro nem mais brabo


Liso como pau-de-sebo


Tomarei banhos de gato


E quando estiver bem longe


Em São Paulo ou no Rio


Bebo, viro um pau-d'água


E dano a contar histórias


Que no tempo das vacas-gordas


Eu costumava inventar.


Vou-me embora de Pasárgada


Em Pasárgada não tem nada


Fim de civilização


Tenho um processo nas costas


Movido por Conceição


Meu celular não funciona


A Lei Seca me esturrica


As putas beijam na boca


Tenho pena de quem fica.

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