19 abril, 2012

673. Zoon Politikon (Animal Político)

Aprendi nos antigos seriados policiais da TV: ninguém é obrigado a falar senão em juízo. Mas por falta de juízo, escrúpulo ou vergonha, e também movido por um tolo lapso de vaidade, ascendi ao parlatório.
“Não tenho palavras…”, comecei dizendo. E mentia. Haja vista que, além da habilidade de falar inverdades, tenho o dom da oratória. Se apenas me ativesse à máxima que afirma que quem cala consente, não teria sequer aberto a boca. E me salvaria o não dizer. Mantendo-a fechada, também evitaria as incômodas e abundantes moscas não menos oportunistas que eu.
“Parla!”, esbofeteei-me o verniz da face.

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