02 maio, 2013

Poema do Embriagado


A Francisco de Carvalho, poeta cuja obra descobri um pouco antes da sua partida.

 

 

Ergo sem desperdiçar gota

Aos digníssimos comensais

Este brinde

Sem jactância ou melindre.

Caña, Saquê, Porto, Arak

Absinto, cauim, conhaque:

Saúde! Cheers! Kampai!

Vestal do meu corpo-templo

Consagro a Baco meu cálice

Minha visão turva e tríplice

O meu bêbedo equilíbrio

Pronuncio-me eloquente

Com minha voz baixo embargo

Com a qual vos ludibrio.

Atrevido e assaz insolente

Desidrato-me no líquido

Que desinibe-me e queima-me a língua

Se eu morrer, que seja à mingua

Bendita sois, água ardente.

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