14 junho, 2013

Branco (miniconto)

Nos últimos tempos afligia-o a pureza e a perfeição de um branco imaculável e permanente. Desesperava-se,  pois suspeitava que a fonte, o veio, a inspiração, o sopro suave das musas tivesse se esgotado. Diante dos seus olhos angustiados a folha de papel, também branca, o desafiava. Começou a odiar aquela cor que era suma condensação de todas as outras. Custava-lhe admitir que todo aquele pesadelo devia-se a outro branco, o das carreiras, que dera para aspirar com cada vez mais frequência. Admitia: era mais aspiração, que inspiração.

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