Tenho medo
sobretudo
Dos
telefonemas noturnos
Quando me
surpreendem
Com seu
toque estridente
Perfurando
com precisão
A matéria
sólida do silêncio.
Torço
desesperadamente
Para que se
trate
De mais um
nessa sucessão de enganos.
Mas a morte,
veja bem,
Nunca se
relegará a ser um mero engano
Ela move-se
dentro deste mesmo silêncio
E sabe o
nosso número.
Fique certo,
portanto,
De que Ela
não abre mão de ser
Uma certeza.
Quando eu
abrir a guarda
E a morte me
pegar de jeito
Certamente
será
Como um
desses telefonemas noturnos
Que tanto
temo
Ou um golpe
bem encaixado
Que me fará
dormir
E que de
nada adiantará
Abrir
contagem.
Entendo que
viver, sim, pode ser um engano.
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