28 abril, 2009

414. a invasão

Os aguerridos militantes do Movimento dos Sem Terra, foices em punho, avançaram vorazes sobre o latifúndio improdutivo, fincaram estacas, armaram tendas de plástico negro, tomaram posse, organizaram a resistência. Esperaram. Passou-se uma semana, quinze dias, um mês e os seguranças armados do fazendeiro, estranhamente, não apareceram. Assim como a polícia, que deveria cumprir a reintegração de posse emitida por um juiz notadamente parcial. Como aquela calmaria toda os inquietasse eles acharam prudente montar um bloqueio na confluência da estrada vicinal com a principal para que ninguém viesse a cruzar aquelas terras. Meses se passaram sem que vivalma tentasse passar por ali.

Ao fim do oitavo mês, por ordens da liderança nacional do movimento ou por iniciativa própria, eles desarmaram as tendas, juntaram seus pertences e marcharam para o norte. No céu límpido daquela quinta-feira, os pássaros, descaradamente subservientes aos valores da burguesia emergente, faziam justamente o contrário.

Nenhum comentário: