28 abril, 2009

416. breve ensaio sobre a cegueira

Ela passava a sua frente pontualmente às sete e trinta. Pelo perfume ele podia traçar perfeitamente o seu perfil: uma Deusa. E então fantasiava: sonhava com o dia em que, ao tentar cruzar a faixa, ela viesse e o conduzisse pelo braço até o outro lado da avenida. Ou bem mais longe, se fosse o caso, que com ela iria até para o inferno.

Ontem pela manhã, cheio de coragem, teceu-lhe um elogio. Ela sorriu. Sentiu-o no vento pela mudança brusca da sua respiração.

Hoje foi mais ousado, senão atrevido: fez-lhe uma proposta no mínimo indecorosa.

“Vê-se te enxerga!”, ela respondeu no revide. Mais bela ainda quando brava.

Um comentário:

Ella disse...

RSRS
ADORO SEUS CONTOS! RS
BEIJOSSS
D'ELLA