14 maio, 2009

435. edberto, o homem-estátua

Edberto era um rapaz honesto e de boa índole que, vítima do desemprego, decidiu virar homem-estátua. Todo santo dia, fizesse sol ou chuva, lá estava o Edberto, na Praça da Sé, batalhando imóvel por uns trocados. No dia sete de agosto de 1999, logo pela manhã, os funcionários da Subprefeitura do Centro vieram com um caminhão-baú e removeram o Edberto para o largo da Batata; e ele, por mais que tentasse opor resistência àquela arbitrariedade, não conseguiu articular palavra alguma nem se mexer. Em Pinheiros, firmado em um canteiro mal-cuidado e já resignado, Edberto-estátua adormeceu e acordou, sem saber como, novamente na praça da Sé, entre mendigos e pombos. Nova remoção foi providenciada e, dias depois, lá estava o Edberto-estátua outra vez no centro da cidade. O fato inusitado e inexplicável gerou polêmica e ganhou imediatamente as manchetes dos matutinos sensacionalista. Porém, de tão explorado que foi, perdeu a graça e acabou se tornando desinteressante. Menos, é claro, para os devotos de São Edberto que todo dia sete de Agosto levam a sua imagem em procissão da Praça da Sé ao Largo da Batata, de onde, certamente, como sempre tem sucedido, ele há de por seus próprios meios retornar. Se um dia isso não acontecer, dizem, o rio Pinheiros vai reverter o seu curso e pode ser até que garoe em São Paulo.

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