23 janeiro, 2009

365. trem da morte

Lugo buscava aventuras. Mochila às costas tomou o Trem da Morte e rumou para Machu Pichu. Faria a Trilha Inca. Viagem cansativa, estafante, a certa altura levantou-se para esticar as pernas e logo entabulou um papo em legítimo portunhol com o maquinista, um sujeito simpático, meio índio. Falavam de futebol, pra variar, quando numa curva surgiu de repente no meio da linha, a face oculta por um chapéu de palha rústico, uma anciã esquálida e encurvada.

Não houve tempo de frear nem nada. O baque esperado não veio. A locomotiva, centopéia de aço, seguiu em frente.

Lugo quase desmaiou. Quando conseguiu se recompor, estranhou que o semblante do maquinista sequer tivesse se alterado.

- O que fue... aquillo, compañero?

- Que?

- La vieja!

-Ah! – Riu o homem com a naturalidade de quem já se acostumara com as manifestações do inusitado. E disse-lhe: - És la muerte, muchacho. Pide aventón*

*.carona

Nenhum comentário: